Em entrevista ao portal, o presidente da Terracap, Izídio Santos diz que ações devem gerar três mil empregos diretos e indiretos por mês, até dezembro de 2021
Izídio Santos, presidente da Terracap: “A gente tem a obrigação de devolver para a sociedade o que a Terracap aufere de lucro com a venda dos lotes”. Foto: Joel Rodrigues
A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) vai investir R$ 552 milhões em obras e benfeitorias em todo o DF, até o ano que vem, para auxiliar o desenvolvimento socioeconômico e retomar a economia da capital após a pandemia. São inúmeras obras, como a revitalização da Avenida W3 Sul, investimento que vai ajudar o GDF a concluir o projeto de recolocar a região entre os grandes centros comerciais e de lazer da cidade. A Terracap também vai financiar a troca da pavimentação das seis faixas da Via Estrutural, um dos principais elos entre o Plano Piloto e as cidades de Ceilândia, Taguatinga, Vicente Pires, Estrutural e Águas Lindas de Goiás.
As obras vão gerar três mil empregos diretos e indiretos por mês, até dezembro de 2021. Quem calcula é o presidente da Terracap, Izídio Santos. Em entrevista à Agência Brasília, ele falou sobre o papel da autarquia em alavancar o desenvolvimento do Distrito Federal após a pandemia do coronavírus e adiantou as medidas adotadas pela empresa pública para estimular a geração de empregos, uma das vacinas no combate à Covid-19 na área econômica. “Como uma agência de desenvolvimento, a gente tem a obrigação de devolver para a sociedade o que a Terracap aufere de lucro com a venda dos lotes”, diz.
Izídio Santos também adiantou que a Terracap vai tirar do papel uma obra planejada há mais de uma década: a drenagem do Plano Piloto. “É uma obra que vai trazer um conforto muito grande para essa população que sofre todos os anos com a chuva, enchentes e alagamentos”, afirma. “O projeto ficou pronto, estamos na fase final de análise para iniciar o rito licitatório. Vamos fazer um sistema novo de drenagem, uma obra moderna, que vai trazer uma solução definitiva para os alagamentos”, ressalta. Confira os principais pontos da entrevista:
1-) Como a Terracap pode ajudar no desenvolvimento socioeconômico do Distrito Federal pós-pandemia?
A Terracap, como uma agência de desenvolvimento, tem como ajudar bastante o DF fomentando esse desenvolvimento. A gente utiliza parte dos recursos arrecadados com a venda de imóveis para fazer investimentos em obras e novos empreendimentos, que são definidos por orientação do governador. A gente tem a obrigação de devolver para a sociedade o que a Terracap aufere de lucro com a venda desses lotes.
2-) Tem um balanço de quanto foi arrecadado pela Terracap recentemente?
Em 2020, lançamos seis editais e vendemos centenas de imóveis. É claro que a pandemia trouxe algumas novidades negativas, o mercado se retraiu um pouco, mas a gente está mais ou menos dentro da meta estabelecida para o ano. A Terracap está investindo R$ 552 milhões em obras e benfeitorias em todo o DF, neste ano e ano que vem, que vão gerar 3 mil empregos diretos e indiretos por mês, até dezembro de 2021.
2-) A Agência vai investir R$ 18,8 milhões na revitalização urbanística de onze quadras da avenida W3 Sul. O senhor pode dar outros exemplos?
O nosso maior investimento é de R$ 150 milhões em Vicente Pires, que é um convênio com a Secretaria de Obras. Esse é o valor da contrapartida de um financiamento com a Caixa Econômica. A Terracap também vai financiar a troca do pavimento da Via Estrutural. Essa via terá um pavimento novo em concreto, que é uma novidade em Brasília. Vamos investir R$ 38 milhões em uma licitação que vai ocorrer dentro do DER, mas com recursos nossos. A gente vai viabilizando obras nesse sentido. Começamos a fazer algumas praças na Vila Telebrasília, a gente investe na rede de água com a Caesb e a Terracap também coloca recursos naquela obra da saída norte. Uma das obras que é muito importante para Brasília e que vamos financiar é a drenagem do Plano Piloto. Ela está há mais de uma década para sair do papel, e não sai. É uma obra que vai trazer um conforto grande para essa população que sofre todos os anos com a chuva, enchentes e alagamentos. A gente vai começar pela Asa Norte, a parte crítica no começo da Asa Norte, e, posteriormente, vamos fazer na Asa Sul, também. O projeto ficou pronto. Estamos na fase final de análise para iniciar o rito licitatório. Vamos fazer um sistema novo de drenagem, uma obra moderna, que vai trazer uma solução definitiva para os alagamentos.
3-) Existe uma preocupação em oferecer nos editais de licitação terrenos maiores para a instalação de empresas no DF que gerem empregos?
Temos vários programas nesse sentido. Um é a própria venda de lotes… A Terracap também faz concessão de terrenos para empresas que desejam se instalar no DF, um exemplo é aquela fábrica de automóveis tipo Jeep que veio do Nordeste. Ela solicitou uma área, nós viabilizamos e essa fábrica já está se instalando, lá no Polo JK. A gente trabalha isso sob demanda. As empresas que desejam vir para o Distrito Federal procuram um terreno, a gente faz um estudo, avalia e faz a concessão.
4-) A concessão é uma espécie de aluguel?
O terreno é avaliado e ela vai pagar um valor mensal com base nessa avaliação por um período de tempo negociado. Geralmente é 30 anos, renovados por mais 30. O valor é baseado em uma porcentagem mínima do preço do imóvel. É como se fosse um aluguel.
5-) Um programa desenhado para aumentar a geração de empregos no DF é o Desenvolve-DF, certo? O governador Ibaneis Rocha regulamentou a lei que criou o programa… Como ele vai funcionar?
O Desenvolve-DF é um avanço em relação ao antigo Pró-DF, que tem alguns problemas estruturais e jurídicos. O Desenvolve-DF veio dar segurança jurídica a essas empresas, além de fomentar a instalação de novas empresas nas áreas de desenvolvimento econômico. Com isso, a gente traz para o DF a regularidade das empresas, gera emprego e renda e com isso fomenta todo esse mercado aqui dentro.
6-) Tem uma expectativa de quantos empregos podem ser gerados?
Vamos atender 3 mil empresas. É um programa diferente. Ela vai se adequar ao programa de incentivos, gerando empregos e, conseguindo atingir todas as metas, ela tem um desconto progressivo na compra desse imóvel.
7-) Como assim? Quanto mais empregos ela gerar maior será o desconto?
No início, a empresa vai fazer um programa, de acordo com sua área de atuação, com o valor que ela vai investir e o número de empregos a serem gerados. Isso é fiscalizado e ela faz jus ao desconto do lote se atingir as metas. Caso contrário ela vai pagar o preço cheio.
8-) Voltando a falar em licitações, mas agora de áreas residenciais, um bairro muito esperado foi o Noroeste, que ainda carece de infraestrutura. Depois de anos, a Terracap firmou acordo com as comunidades indígenas e a W9 está sendo concluída?
Existem algumas tribos que se instalaram no Setor Noroeste. Duas delas, a Kariri Xocó e a Tuxá, estavam em um local que impedia a conclusão da W9. Assinamos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e esses índios foram realocados e liberaram a área onde será construída a W9. Vamos ter um ano para construir as residências definitivas dos índios, as obras da W9 já foram iniciadas e a gente quer entregá-las ainda esse ano. Não é um trecho longo e brevemente ele estará pronto.
9-) Como vai funcionar a campanha anunciada esta semana de descontos para os clientes amortizarem ou quitarem suas dívidas?
Já fizemos essa campanha ano passado e a gente traz para a regularidade algumas empresas, principalmente por causa desse período de pandemia. Com essa campanha a gente oferece um desconto nos juros que já foram pagos, que a gente pode ofertar, e ela pode quitar suas dívidas. É bom para a empresa, que não fica inadimplente, e para a Terracap, que equilibra seu fluxo de caixa.
O Desenvolve-DF veio dar segurança jurídica a essas empresas, além de fomentar a instalação de novas empresas nas áreas de desenvolvimento econômico. Com isso, a gente traz para o DF a regularidade das empresas, gera emprego e renda e com isso fomenta todo esse mercado aqui dentro.
10-) Um dos objetivos é garantir recursos para esses investimentos no DF?
Exatamente. Esse período de pandemia trouxe muita novidade e a preocupação de se manter um fluxo de caixa na empresa para que a gente possa fazer esses investimentos propostos. Também temos acompanhado o que está acontecendo no mercado para que a gente possa ofertar os lotes e manter nossa meta de vendas.
11-) A Terracap tem cercado seus terrenos. Qual o objetivo dessa ação?
A gente iniciou um piloto em Ceilândia e vamos cercar todos os lotes urbanos da Terracap. Nosso objetivo é cuidar do patrimônio, ter os nossos lotes delimitados para impedir invasões e depredações. O projeto foi muito bem aceito na Ceilândia, deixou a cidade com um aspecto melhor. Quando a Terracap for comercializar esse imóvel ele já está em condição de venda. Uma das condições para a venda é ele estar desimpedido. Quando você tem uma coisa bem cuidada a própria população ajuda e não joga lixo.
12-) A Terracap é responsável por algumas PPPs, a exemplo do ArenaPlex. Esse modelo será adotado em outros locais?
São vários projetos, cada um está em uma situação. Em relação à Torre de TV Digital estamos com o processo finalizado, aguardando assinatura. Com a pandemia, houve atraso porque os vencedores não poderiam empreender neste momento, não pode ter festa ou aglomeração. A gente está aguardando o final desse período para assinar, está tudo pronto. O autódromo é um caso peculiar, porque ele tinha uma concessão bem encaminhada, mas com a possibilidade de trazer a Fórmula 1 para Brasília, essa concessão foi cancelada e se iniciou um novo processo. A ideia é contratar projetistas habilitados na Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para que a gente construa uma pista apta para a Fórmula 1. Quando esta pista estiver pronta, vamos pleitear a vinda da Fòrmula 1 para Brasília. Estamos na fase agora de colher propostas dos projetistas. A pista seria um investimento do GDF e a concessão seria num segundo momento.
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